Uma lagrima escorre pelo rosto doloroso, pelo rosto quase
sem expressão, quase como um espelho fustigado pelos vapores da sauna húmida.
Noutras ocasiões, também uma lágrima escorreu pelo rosto,
então brilhante, cheio de uma alegria camuflada em expressões vincadas na face
esquiva.
Uma e outra lágrima, são faces da mesma moeda, ou então
talvez de moedas distintas, em localizações, e tempos afastados.
A história das lágrimas arrasta-se pelo calendário longo, e
às vezes apenas pelo tempo curto dos ponteiros num relógio caseiro.
Os olhos prolongam-se pela paisagem longa, tristes ou
alegres, depende da face, ou das faces de moedas talvez distantes.
Uma lagrima espelha o mistério do sentido do interior do ser
onde essa lágrima brota. Reflete o bom sentir, abundante, ou o sentir apertado
pela ansiedade eminente.
Uma lagrima expressa a desesperança apertada dentro da
consciência do interior do ser. Ou, a alegria das fronteiras dilatadas pela
relatividade do sentir.
O ser sente uma necessidade desatinante de chorar, um
desespero incerto de exteriorizar a angustia amarfanhante que lhe enche a alma.
O ser sente uma necessidade transbordante de chorar, uma
alegria desmedida de exteriorizar a felicidade envolvente que lhe preenche a
alma.
A lágrima dá lugar a um olhar prolongado que, como o feixe
do farol, varre o horizonte de forma certa e infalível.
José Guilherme | 12.07.2017
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