quarta-feira, 26 de julho de 2017

Lágrima



Uma lagrima escorre pelo rosto doloroso, pelo rosto quase sem expressão, quase como um espelho fustigado pelos vapores da sauna húmida.

Noutras ocasiões, também uma lágrima escorreu pelo rosto, então brilhante, cheio de uma alegria camuflada em expressões vincadas na face esquiva.

Uma e outra lágrima, são faces da mesma moeda, ou então talvez de moedas distintas, em localizações, e tempos afastados.

A história das lágrimas arrasta-se pelo calendário longo, e às vezes apenas pelo tempo curto dos ponteiros num relógio caseiro.

Os olhos prolongam-se pela paisagem longa, tristes ou alegres, depende da face, ou das faces de moedas talvez distantes.

Uma lagrima espelha o mistério do sentido do interior do ser onde essa lágrima brota. Reflete o bom sentir, abundante, ou o sentir apertado pela ansiedade eminente.

Uma lagrima expressa a desesperança apertada dentro da consciência do interior do ser. Ou, a alegria das fronteiras dilatadas pela relatividade do sentir.

O ser sente uma necessidade desatinante de chorar, um desespero incerto de exteriorizar a angustia amarfanhante que lhe enche a alma.

O ser sente uma necessidade transbordante de chorar, uma alegria desmedida de exteriorizar a felicidade envolvente que lhe preenche a alma.

A lágrima dá lugar a um olhar prolongado que, como o feixe do farol, varre o horizonte de forma certa e infalível.



José Guilherme | 12.07.2017

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