quinta-feira, 8 de junho de 2017

Sexo


Quero fazer amor, quero fazer sexo, quero sentir a paixão intensa, quero usufruir da empolgante magia das hormonas agitadas, o êxtase extrovertido da faísca que saltita na superfície crispada da epiderme.

Sinto o sabor perfumado dos lábios que se digladiam, das línguas que se retorcem.

As mãos deambulam e fazem pressão aqui e ali. Os cabelos esvoaçam, e acariciam.

A língua escorrega e lambe loucamente toda a pele desnuda que se atravessa.

Os peitos tenrinhos conquistam-se milimetricamente, terminados nos bicos duros que se sugam obsessivamente em busca da memória primeira, das gotas alimentícias que nascem frugais.

As mãos apertam a cintura firme e desçam pelas ancas abastadas, apalpando as nádegas carnudas, fartas, quentes, sôfregas de dentadinhas lentas e insistentes.

A língua como que despercebida, vai por aqui, vai por ali, desce mais à frente, retrocede mais um pouco, passa à esquerda, desvia-se para a direita, aproxima-se, detém-se, observa, eleva-se, mergulha, espalma-se, e lambe, lambe com prazer intenso e orgulhoso.

O corpo estremece e intensifica-se, sofrendo espasmos elétricos que se propagam e dilatam.

Os lábios, húmidos, dilatados, abrem-se e anseiam.

Os corpos ajustam-se, agarram-se, debatem-se e penetram-se.

Uma onda intensa, obsessiva, poderosa, bombeia e deflagra, lubrificando, aquecendo, enlouquecendo instantaneamente. Os corpos unidos num só, sentem uma eternidade fugidia, ficam estáticos, intensos, humildes, numa meditação eterna.


A solidez da força, da contração, da confiança, do amor próprio engrandecido, acalma e mergulha numa plenitude, numa serenidade que se propaga e pinta o arco-íris com as cores duma visão suavizada e eterna.

Sem comentários: