sexta-feira, 30 de junho de 2017

Desejo intenso



Um desejo intenso e perturbador expande-se no meu interior. Uma sensação inquietante corre entre a fronteira palpável do consciente e o nevoeiro camuflante do inconsciente.

As pálpebras obscurecem momentaneamente a certeza do visível, invadindo a câmera interior com um crepitar de chama que lambe as paredes delimitadoras da arquitetura interna.

A mão fica tensa, contraída. Os dedos como que agarram uma imagem que se forma no pensamento. Os músculos contraem e apertam.

O desejo incerto, mas feroz, acutila o sentido do envolvente. O desejo rasga o sentir do corpo. A fronteira entre a consciência do interior e a presença do exterior.

O desejo desatina e doí.

O desejo morde com obstinação.

O desejo quer.

O desejo persiste e insiste.

Eu quero o desejo, eu desejo o desejo, eu angustio e sinto a falta desse desejo que às vezes não mais é desejo.

Oh desejo desejável não me deixes nesta ausência do desejo que já estou farto de desejar.
Tanto desejo, tanta ferocidade, e no fim uma angústia pela felicidade que o desejo dá.

Desejo meu deixa-me partilhar-te com aqueles que tanto desejo.

Fico extenuado de tanto desejar e tanto conter o ímpeto da partilha desse desejo intenso.

Quero desejar tanto que tanto transborde esse desejo que tanto se torne desejado esse meu desejo.

Guilherme 29Jun2017


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