Um desejo intenso e perturbador
expande-se no meu interior. Uma sensação inquietante corre entre a fronteira
palpável do consciente e o nevoeiro camuflante do inconsciente.
As pálpebras obscurecem
momentaneamente a certeza do visível, invadindo a câmera interior com um
crepitar de chama que lambe as paredes delimitadoras da arquitetura interna.
A mão fica tensa, contraída. Os
dedos como que agarram uma imagem que se forma no pensamento. Os músculos
contraem e apertam.
O desejo incerto, mas feroz,
acutila o sentido do envolvente. O desejo rasga o sentir do corpo. A fronteira
entre a consciência do interior e a presença do exterior.
O desejo desatina e doí.
O desejo morde com obstinação.
O desejo quer.
O desejo persiste e insiste.
Eu quero o desejo, eu desejo o
desejo, eu angustio e sinto a falta desse desejo que às vezes não mais é
desejo.
Oh desejo desejável não me deixes
nesta ausência do desejo que já estou farto de desejar.
Tanto desejo, tanta ferocidade, e
no fim uma angústia pela felicidade que o desejo dá.
Desejo meu deixa-me partilhar-te
com aqueles que tanto desejo.
Fico extenuado de tanto desejar e
tanto conter o ímpeto da partilha desse desejo intenso.
Quero desejar tanto que tanto
transborde esse desejo que tanto se torne desejado esse meu desejo.
Guilherme 29Jun2017
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