terça-feira, 19 de agosto de 2003

Aquele espírito

Hoje, estou com aquele espírito AK47; quando ocorre precinto uma regressão à minha infância, aos meus seis anos: vejo então, os gajos da frelimo a passearem as ditas Kalashnikov’s, a darem umas rajadas, umas gargalhadas.
Quando ocorre, o dito espírito, nada mais deve acontecer do que reservar-se o momento às suas razões, ausentar-se do mundo e ficar em silêncio, em busca do entendimento, desmembrando o todo nos seus pedaços constituintes em busca da compreensão.
O sabor a sangue pressente-se na ponta da língua, a memória acutila e faz suores na superfície da pele crispada. O som ressoa e faz tremer a consciência do momento. O medo do então é o medo do agora, os olhos saltitam nervosos no espaço, confunde-se aquele momento com o momento de agora. Faz força o sangue pelas veias, vai rápido levando a vida ao músculo. Fica o músculo pronto a explodir, a levar o corpo até longe onde o som rítmico e martelante não alcança. Ficar longe é bom porque os fragmentos não atingem, logo não furam, fica assim o sangue dentro do corpo, fica o espírito no corpo, fica a alma onde sempre deve estar.

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